quarta-feira, 12 de junho de 2013

“Teatro é coisa de guerreiro” - Fernando Limoeiro profere palestra no SATED/MG

cobertura por Luiza Lambert

“Teatro é coisa de guerreiro, não é brincadeira”. E completar quarenta anos de uma carreira bem sucedida no teatro não é brincadeira mesmo. No último dia 21 de maio, pudemos acompanhar a trajetória artística Fernando Limoeiro, contada por ninguém menos que o próprio.

Homenageado pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões de Minas Gerais (SATED/MG), Limoeiro entreteu por cerca de duas horas a plateia formada por alunos, amigos e futuros atores e atrizes candidatos ao Exame de Capacitação Profissional. Todos ávidos por ouvir e absorver tudo o que ele tinha a contar. Confira um pouco de como foi a noite.

O Fernando de Limoeiro

Fernando Limoeiro se descreve como pernamineiro. E com razão. Sua identidade tem um pouco de cada cidade onde viveu e que fez parte de sua formação artística e pessoal. Na infância embebida na rica cultura nordestina em Limoeiro, cidade localizada no limiar do agreste pernambucano, está a base de seu caminho. Ele ressalta veementemente a importância da cidade, principalmente em sua instrução. Os mestres que marcaram sua infância são lembrados por ele com muito respeito e carinho, desde as freiras do colégio onde estudava, ao poeta de bancada que vendia cordel aos matutos, que mesmo em condições de pobreza extrema, consumiam aquela arte como comida.

Sua dramaturgia condiz com suas raízes. Dentro de suas obras é visível a influência da cultura popular, nordestina, sertaneja, pernambucana. O valor dado pelo professor à rica e vasta cultura de nosso país é uma lição de moral, um verdadeiro puxão de orelha àqueles que não reconhecem essa grandeza, que não amam o Brasil, com tudo aquilo que ele tem a nos oferecer.

Os circos itinerantes que passavam por Limoeiro também são ressaltados como forte influencia para Fernando, visível em seus trabalhos no decorrer de sua extensa obra dramática. No circo foi onde teve seu primeiro contato com o teatro, com a dramaturgia e com figuras importantes da cultura nacional, como o grande Luiz Gonzaga.

Aos 16 anos foi contemplado com uma bolsa para estudar teatro no sudeste. Deixou Pernambuco e partiu para aperfeiçoar sua formação na Fundação das Artes de São Caetano do Sul. Deixou também em Limoeiro seu ego, como aclamado jovem talento, para ser apenas mais um estudante de teatro no sudeste, buscando um sonho. Foi moldado por grandes mestres e absorveu tudo o que São Paulo podia lhe oferecer. Se formou ator e dramaturgo e, inclusive, teve uma peça de sua autoria encenada pela Fundação antes mesmo que se formasse.

“Minha vida é o T.U.”

Depois de formado, já trabalhando com mamulengos na divisão de Lazer e Cultura do Sesi em Pernambuco, Limoeiro foi convidado a participar de um curso de teatro bonecos com o Grupo Giramundo. Trocou o nordeste por Minas Gerais, apaixonado pela professora mineira. Desde então, ele foi professor em todas as grandes escolas de teatro de Belo Horizonte e coleciona obras de sucesso.

Chegou no Teatro Universitário da UFMG em 1986, e nunca mais saiu. “Minha vida é o T.U.”, disse durante a palestra. No constante processo de troca entre professor, colegas e alunos, Limoeiro trouxe muito de suas raízes para a sala de aula, incluindo o teatro popular de rua no programa educacional da instituição.

Lições

Foi, sem sombra de dúvidas, uma noite de muitas lições para os presentes. Aos alunos e futuros atores e atrizes, ficou a lição de que teatro, acima de tudo, é trabalho e estudo. E que, além de disso, o teatro deve instigar a reflexão. Deve transcender e inquietar, fazer pensar. E foi dessa forma que todos os convidados deixaram a palestra: instigados e tocados pela beleza das palavras do mestre Limoeiro.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário